Alan ducasse
Nenhum chef é gênio
O maior de todos os chefs da atualidade diz que o trabalho e a repetição são o que garante a excelência dos restaurantes e dos pratos que eles servem Antonio Ribeiro, de Paris
Eric Martins/Le Figaro "Ninguém consegue subtrair o que a história nos legou.
Os franceses codificaram, criaram hierarquia e acumularam conhecimentos sobre o modo de preparar alimentos”.
Há vários hotéis cinco-estrelas e restaurantes três-estrelas, mas apenas um cozinheiro catorze-estrelas. Ele se chama Alain Ducasse. Aos 51 anos, esse francês que cresceu numa fazenda entre galinhas, patos e gansos comanda um império gastronômico mundial. São 21 restaurantes em oito países, onde trabalham 1.400 pessoas. Do grupo Alain Ducasse, que faturou 25 milhões de euros no ano passado, fazem parte também uma cadeia de hotéis, um centro de formação e uma editora. Alguns especialistas podem ser reticentes em considerá-lo o melhor cozinheiro do mundo, mas é inegável que, entre seus pares, nenhum conseguiu tanto sucesso. Na próxima semana, Ducasse desembarca no Brasil para receber o título de doutor honoris causa da Universidade Estácio de Sá (com a qual mantém uma parceria), inaugurar um laboratório gastronômico com seu nome e entregar certificados internacionais a alunos brasileiros. Antes de iniciar uma volta ao mundo para visitar seus domínios, Alain Ducasse conversou com VEJA em seu restaurante do Hotel Plaza Athénée, em Paris.
Veja – Nos últimos 100 anos, a alimentação humana sofreu mudanças dramáticas. Qual é sua percepção do resultado?
Ducasse – No que diz respeito à gastronomia, passamos de uma cozinha que impunha seus pratos para uma que faz propostas aos consumidores. Além disso, a excelência e a qualidade estão cada vez mais presentes. Nunca se louvou tanto a boa preparação dos alimentos. Pode-se comer melhor hoje em casa ou na rua do que no passado. A tendência geral aponta para uma alimentação mais saudável, leve,