ainda em construção
Estava andando a horas e nada. Nenhuma livraria me agradava, nenhum lugar me dizia o que eu queria ouvir, e nenhum deles tinha o que eu precisava. Ana já desistiu de me ajudar, assim como André. Os dois me deixaram sozinha há uns trinta minutos ou mais. Só que eu gosto dessas buscas. Às vezes você acha muito mais do que procura e eu sou bem do tipo de pessoa que cria expectativas. Eu sempre gostei de andar e conhecer. Claro que quando meus amigos estavam comigo o tempo passava muito mais rápido, mas mesmo sozinha gosto da sensação de liberdade. Andar pelas ruas e só, fazer seu próprio caminho. Isso soa terrivelmente certo, não é? Eu sempre quis ser esse tipo de pessoa que sabe aonde ir, o que fazer, ou que pelo menos sabe como se virar. Por isso continuo minha busca pela edição certa. Talvez eu não ache, mas sei que no final do dia eu me sentirei realizada por ter feito algo por mim. Andei mais duas quadras até chegar a uma rua agitada de restaurantes diversificados. Vidros de todos os tipos refletiam minha imagem, e eu me sentia estranha, mas feliz. Observei algumas pessoas, isso é uma mania que eu tenho. Eu não consigo desviar o olhar quando vejo algo interessante, e as pessoas, para mim, sempre foram muito interessantes. Seus gestos, suas escolhas, suas palavras. A forma como andam, como mexem o cabelo, sorriem ou falam. Tudo denota parte de suas almas. É preciso olhar quando ninguém espera ser observado para ver aquilo que é real. Se nós sabemos que estamos expostos a alguém, temos a tendência de encenar e editar o caráter. Mesmo que a intenção não seja se esconder, fazemos de tudo para sermos aceitáveis de uma forma ou de outra. Mesmo quando somos rudes, nós só queremos ser aceitos. Queremos que nossas atitudes, mesmo aparentemente sem fundamentos sejam questionadas de forma inteligente. Queremos nos mostrar tanto quanto queremos nos reter. E eu gosto de observar isso. De aprender e aplicar mais em mim, mais daquilo que precisa ser mudado.