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Sentindo-se sem rumo, começam a beber cada vez mais cedo. Para a droga, o caminho tem sido rápido e, muitas vezes, sem volta. É hora de mudar conceitos, principalmente na família, ainda o grande núcleo de decisões afetivas, alerta o psiquiatra e especialista em jovens Arthur Guerra, diretor do Grupo de Álcool e
Drogas da Faculdade de Medicina da USP, professor titular de psiquiatria da
Faculdade de Medicina do ABC e presidente da ONG Centro de Informações sobre
Saúde e Álcool (Cisa).
ÉPOCA - Cresce a depressão entre jovens?
Arthur Guerra - Muito. De início, sentem uma tristeza que se transforma em depressão. Têm desesperança, acham que nada vai dar certo. Estão desencantados.
ÉPOCA - Por quê?
Guerra - É uma juventude sem ídolos, sem políticos, sem artistas, sem fontes de inspiração. Aí, entra a droga como uma solução mágica.
ÉPOCA - Por que manifestam tanta dor?
Guerra - O modelo pessoal deles na família está falido. Os pais não se entendem e não respeitam os filhos. O dia-a-dia também está banalizado. O esporte vira violência, a escola uma competição. Um quer matar o outro.
ÉPOCA - E o aumento do consumo de álcool?
Guerra - Eles bebem muito mais num espaço mais curto de tempo. E bebem para ficar embriagados. O que interessa é sair da rotina, que os entedia.
ÉPOCA - É possível reverter esse quadro?
Guerra - A responsabilidade é da própria família. Os pais devem ter a humildade de saber que o mundo mudou. Os valores que a juventude usa hoje são muito diferentes. Têm de ir atrás deles, decifrar. E pararem de dizer: 'Eu não tive isso'.
ÉPOCA - Três dicas para os pais.
Guerra - Ter segurança na mensagem que querem passar, entender que a família ainda é o núcleo, a central de decisões afetivas, e que o exemplo não é só a melhor forma de ensinar algo para alguém: é a única.
ÉPOCA - Três dicas para os filhos.
Guerra - A segurança só