Ah pois mas são verdes
Alessandro Biazzi Couto - PACS (Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul)
Email: integração@pacs.org.br
O Esporte enquanto prática social que envolve, além de atletas, torcedores, jornalistas, médicos, empresários etc adquire em nossa vida cotidiana uma dimensão impressionante. Para o pesquisador Vitor de Melo trata-se de “uma das mais importantes e influentes manifestações culturais da modernidade, eivada das representações de valores e desejos que permeiam o imaginário do século: a superação de limites, o extremo de determinadas situações (comuns em um momento em que a tensão e a violência foram constantes), a valorização da tecnologia, a consolidação de identidades nacionais, a busca de uma emoção controlada, o exaltar de um certo conceito de beleza. Para falar um pouco mais sobre a penetração dessa prática social por todo o mundo, basta lembrar que há mais países filiados à FIFA e ao COI do que à ONU.”[1] Contudo, não podemos deixar de constatar também que essa paixão que move multidões é cada vez mais uma atividade apropriada e regulada por interesses de grandes empresas, divulgação de marcas transnacionais e cujo modelo é voltado para a realização de mega eventos esportivos. A grandiosidade do “espetáculo” da Olimpíada de Pequim no ano de 2008 representa bem este tipo de convergência de interesses privados, mas que também precisam se associar aos Estados, os quais canalizam investimentos públicos e articulação política para sua realização Neste sentido, governantes brasileiros também buscam se associar ao esporte e obter possíveis ganhos, sejam eles econômicos (investimentos, incremento da atividade turística e obras de infraestrutura) ou de “capital simbólico” para suas carreiras políticas, atrelando os eventos a uma imagem positiva de suas cidades/países, que pretensamente beneficia todos os cidadãos, deixa um “legado positivo“.