Agrimensura
Ainda hoje vale a definição de ciência de Aristóteles, formulada na sua obra Organon, como conhecimento certo pelas causas. Para saber algo em profundidade é preciso relacionar conceitos, saber as causas, o porquê das coisas. Este é um dos grandes dilemas do nosso século, impulsionado pelo rápido e fácil acesso a fontes de informação. Podemos obter instantaneamente milhões de informações, mas corremos o perigo de tornarmo-nos incapazes de processá-las de um modo orgânico, integrado, coerente, através da relação causa-efeito que caracteriza o conhecimento científico. Entretanto, não é esse o desafio mais grave que enfrentamos. “Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?”
A ciência ofuscou a procura da verdadeira sabedoria, da sabedoria cultivada na Grécia antiga pelos filósofos que buscavam saber coisas essenciais, as primeiras causas, os primeiros princípios, a origem de todas as coisas e, mais importante ainda, o sentido da vida e da existência. A essa tarefa Sócrates dedicou a sua vida. É Platão quem colocou na boca de Sócrates as seguintes palavras: “outra coisa não faço senão andar por aí persuadindo-vos, moços e velhos, a não cuidar tão aferradamente do corpo e das riquezas, como de melhorar o mais possível a alma, dizendo-vos que dos haveres não vem a virtude para os homens, mas da virtude vêm os haveres e todos os outros bens particulares e públicos”.
Assistimos perplexos a um distanciamento cada vez maior entre educação e formação. Crianças e adolescentes recebem oceanos de informações prontas, desconexas, e muitas vezes fúteis, que são incapazes de processar e integrar em um projeto de crescimento em conhecimento e sabedoria. A informação não é formação. O simples acúmulo de informações, onde o raciocínio não tem lugar e a reflexão ética não encontra espaço, está longe de contribuir para forjar a personalidade e nortear a vida.
Ética
A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por