Africa
De outro modo as diferenças, quando não são reconhecidas nos processos de construção de novas nações e sociedades democráticas, podem criar desigualdades que, por sua vez, podem se constituir em negação de alguns direitos fundamentais. Creio que todas as sociedades que convivem com o racismo, pouco importa suas formas históricas, acabam por falta do reconhecimento das diferenças e identidades particulares; por violar alguns princípios dos direitos humanos.
Porém, nem todos os conflitos que levam à violação dos direitos humanos nos países africanos, têm sempre esse conteúdo étnico e/ou cultural que lhes atribuímos. A análise da realidade contemporânea de muitos desses países mostra que se trata mais de conflitos pelo controle e domínio do poder político herdado da colonização do que das diferenças culturais propriamente ditas. Nenhum país do mundo respeita integralmente os trinta artigos que compõem a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada unanimemente pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1948. Como foi demonstrado pelo levantamento exaustivo realizado por Charles Humana (World Human Right Guide, 1984), a taxa média de aplicação e respeito aos Direitos Humanos nos países do mundo ocidental, coincidentemente os mais ricos e mais democráticos, é de mais de 90%. No entanto, é justamente entre os cinqüenta e sete países que compõem o continente africano que se encontram as maiores taxas de violação e desrespeito a esses direitos. Nesses países, a taxa média de aplicação dos Diretos Humanos não atinge o limite inferior de 64%. No caso dos países da África sub-saariana, essa taxa é geralmente medíocre ou ruim. Como explicar essa discrepância entre os países africanos e os do mundo