africa e brasil
Tema permanente da agenda diplomática brasileira há décadas, as relações Brasil-África assumiram um papel de destaque no quadro da política externa desenvolvida pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva. A fim de compreender seus significados e as possibilidades que se abrem para o Brasil no continente africano, este trabalho faz uma análise da política africana brasileira, procurando ressaltar a dinâmica político-comercial entre o país e os parceiros africanos. Desse modo, procura-se demonstrar, com base proposta metodológica apontada por Hermann (1990), que as relações Brasil-África têm se caracterizado por um movimento de intensidade variável, que reflete os ajustes (adjustment changes) da agenda diplomática brasileira no período posterior à Guerra Fria.
O período selecionado justifica-se pela ocorrência de dois aspectos decisivos para a formulação e, conseqüentemente, para a análise da política externa africana brasileira. O primeiro diz respeito às mudanças ocorridas na ordem mundial, com o início do processo que leva ao término da Guerra Fria: seus impulsos mais decisivos são observados a partir de 1985, quando Mikhail Gorbachev ascende ao governo soviético, dando início a reformas políticas domésticas e externas que aceleraram o declínio da União das Repúblicas Socialistas Soviétias (URSS) e apressaram o fim da Guerra-Fria (NEY JR., 1997; HALLIDAY, 1999.). A partir de então, o sistema internacional passa a operar de forma indefinida, impondo tanto novos constrangimentos quanto novas perspectivas para inserção internacional do Brasil.
Quanto ao segundo aspecto, é fato que, no mesmo período, são observadas alterações e redefinições importantes na política externa brasileira, boa parte delas oriundas das próprias mudanças registradas na ordem mundial no período posterior à Guerra Fria. Tais mudanças são marcadas pela nova ordem internacional, que passa a ser configurada pela hegemonia mundial