Advento
São Paulo nos ensina que a nossa condição humana é marcada por um grande dilema: temos um grande tesouro carregado em vaso de barro (cfr. 2 Cor 4,7).
De fato, a experiência confirma esta realidade, pois temos dons extraordinários, como a inteligência, que nos possibilita fazer e criar coisas fantásticas, entretanto, não raro esta inteligência é utilizada para fins destrutivos, ofuscando o tesouro que temos revelando apenas cacos de um vaso frágil que guardava uma grande riqueza agora perdida. Exemplificando: conseguimos transformar matéria prima em instrumentos extraordinários como automóveis, computadores, medicamentos e tantos outros bens que podem nos proporcionar uma qualidade de vida que em tempos passados nem sequer imaginávamos. Todavia, esta mesma capacidade inventiva criou máquinas cujo único propósito é destruir, como aviões bombardeiros, armas químicas, marketing de terror e tantos outros meios aniquiladores. Até poderíamos chamar esta realidade terrível de paradoxo do livre arbítrio, uma vez que somos nós que decidimos usar nossos dons e capacidades para criar, transformar, salvar ou simplesmente destruir. Pode parecer estranho, mas, por mais arriscado que seja, Deus respeita a nossa liberdade, caso contrário não cresceríamos de verdade. Deus nos concede os meios, mas, a decisão de como usá-los é nossa. Isto implica uma grande responsabilidade. Quanto maior os dons que recebemos maior a responsabilidade.
Portanto, nada mais sensato que uma pausa reflexiva, ao menos de vez em quando, para não quebrarmos nossos vasos desperdiçando o verdadeiro bem numa jornada infrutífera, restando apenas pedaços ressequidos de barro sem vida e sem propósito. Uma dessas pausas necessárias, para uma fecunda reflexão, chamamos de Advento, momento oportuno para pensarmos na encarnação de Deus que se fez homem exatamente para nos mostrar que não obstante nossa fragilidade (vaso de barro), temos ou carregamos um grande tesouro, que se usado