Adolescência
A trajetória de vida de muitos adolescentes autores de ato infracional é marcada por diversas institucionalizações prévias, com medidas protetivas na infância e outras medidas socioeducativas na adolescência (Silva & Gueresi, 2003; Yokoy e Oliveira, 2008). A vivência de privação de liberdade de jovens infratores é marcada por experiências de dor, sofrimentos, humilhações, corrupção, maus-tratos, rebeliões e fugas (Lopes de Oliveira e Vieira, 2006). Segundo Siqueira e Dell’aglio (2006), o atendimento padronizado, a sobrecarga de trabalho dos profissionais, a carência de planejamento das atividades e a fragilidade de redes de apoio social e de apoio afetivo são elementos da vivência institucional que não favorecem adequadamente o desenvolvimento humano.
Quais seriam os efeitos para a vida de uma pessoa que se desenvolve dentro de uma instituição, especialmente, nas que seguem a lógica da instituição total? Morais, Leitão, Koller e Campos (2004), analisando o relato dos internos sobre o funcionamento totalizante de um internato, apontam como aspectos negativos da experiência de institucionalização o acompanhamento distante e autoritário da equipe institucional, as grandes limitações estruturais para atividades de estudo e de socialização e o cotidiano de brigas, rivalidades e intrigas.
Segundo Benelli (2002, 2004) e Silva (2006), o período de internação em instituições totais pode deixar marcas profundas na subjetividade do individuo. O conceito de aglomeração (crowding) sentida pelos internos nos espaços reduzidos e lotados das instituições totais se relaciona com o sentimento de perda do espaço pessoal, da privacidade e da possibilidade de regular quando, onde e com quem se deseja interagir. A aglomeração aumenta o mal estar, o estresse, os conflitos interpessoais, o vandalismo e a possibilidade de transmissão de enfermidades contagiosas.
Um conceito fértil para