Adolescencia é transgressão
José Carlos Soares de Escobar
Psiquiatra, Psicanalista,
Diretor Clínico do Instituto RAID
“Não há crime perfeito”. A sugestiva frase, saída dos clássicos de suspense, propõe que, nos atos criminosos, inevitavelmente haverá uma falha em sua execução. Necessariamente, o criminoso oferecerá um indício, uma pista que terminará por denunciá-lo. Diante do noticiário, parece-nos verdadeira a afirmação, pois as evidências de alguns atos criminosos surgem, em tal abundância, denotando tal primarismo, que, se não se tratar de desastrados e atabalhoados transgressores, caminharemos no sentido de um estático e inconsciente sentimento de culpa determinante de erros acusadores, que, a exemplo do luto patológico ou na dinâmica auto-agressiva dos melancólicos, busca uma punição. Há pouco mais de um ano, a comissão de ética do Senado Federal acusou dois senadores da república pela violação do resultado secreto de suas votações. Aos senadores transgressores não bastou o ato de violação de um segredo. Por diversas vezes, comentaram com ares de proeza o seu feito. Reiteradas vezes o narraram a seus pares e à imprensa sem que nada ocorresse. Por fim, não satisfeito, um dos senadores voluntariamente assume perante a um representante da lei, um promotor de justiça, possuir um documento probatório de sua façanha, de seu ilícito, do seu ato transgressor. E assim, só assim, e ainda à custa de muita polêmica, esse fato provoca uma reação de rechaço e censura. Procurava, na ficção, um relato que me servisse de introdução e exemplo ao tema que pretendo abordar no presente trabalho, quando me chega, saído da realidade do noticiário, o que estava procurando. Difícil exemplo melhor. Diante desses fatos, surge a pergunta: Por que se auto denunciaram? Por que a insistência em dizer a todos: “Olhem o que fiz!” ou “Vejam meu delito!”? Considerando os personagens