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Há pesquisadores que ainda mantêm vínculos com a tradição historiográfica do século XIX, que elegeu como modelo de documento histórico o testemunho escrito, objetivo (neutro), dado como fidedigno. Nessa perspectiva, os depoimentos passaram a ser considerados apenas fontes subsidiárias e de "baixo valor histórico", pois representariam um testemunho subjetivo, falível, cuja fidedignidade estaria comprometida por notícias tendenciosas, mentiras e calúnias que poderiam apresentar.
Se pouca credibilidade era dada aos depoimentos escritos, os orais foram praticamente ignorados. Neles se acentuariam aqueles aspectos negativos atribuídos a esse tipo de fonte, acrescidos da parca confiabilidade que a palavra falada assumia numa sociedade solidamente estabelecida sobre a escrita, e das dificuldades de preservação e divulgação, inerentes às fontes orais. Desse modo, como documento que deveria propiciar ao historiador o resgate dos acontecimentos, "tal como se sucederam", o testemunho oral ou escrito mostrava-se, evidentemente, uma fonte inadequada, só devendo ser utilizada como último recurso e, assim mesmo, com extrema cautela (BARBOZA, 2002; SARDE NETO, 2003; JOUTARD, 2005).
A maior contribuição para a mudança de paradigma foi o movimento iniciado por Marc Bloch e Lucien Febvre, com o lançamento da revista Annales, em 1929, tendo como objetivo explícito fazer dela um instrumento de enriquecimento da História, por sua aproximação com as ciências vizinhas e pelo incentivo à inovação temática. A atuação do grupo colaborou, portanto, para a construção da História como ciência e para a renovação dos seus estudos.
O "grupo dos Annales"1 tinha,no período de 1929 a 1969, concepções comuns que foram resultado de debates travados com historiadores tradicionais - positivistas e historicistas. As ideias e diretrizes do grupo, apresentadas por Burke (1997, p. 12-15), foram as seguintes:
a substituição da