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A famosa "malemolência" ou preguiça baiana, na verdade, não passa de racismo, segundo concluiu uma tese de doutorado defendida na USP. O estudo durou quatro anos. A tese, defendida no início de setembro pela professora de antropologia Elisete Zanlorenzi, da PUC-Campinas, sustenta que o baiano é muitas vezes mais eficiente que o trabalhador das outras regiões do Brasil e contesta a visão de que o morador da Bahia vive em clima de "festa eterna". Pelo contrário, é justamente no período de festas que o baiano mais trabalha. Como 51% da mão-deobra da população atua no mercado informal, as festas são uma oportunidade de trabalho. "Quem se diverte é o turista”,diz. Segundo a antropóloga, o objetivo da tese foi descobrir como a imagem da preguiça baiana surgiu e se consolidou. Elisete concluiu que a imagem da preguiça derivou do discurso discriminatório contra os negros e mestiços, que são cerca de 79% da população da Bahia. "A elevada porcentagem de negros e mestiços não é uma coincidência. A atribuição da preguiça aos baianos tem um teor racista”. O estudo mostra que a imagem de povo preguiçoso se enraizou no próprio Estado por meio das elites de origem européia, que consideravam os escravos indolentes" (como trabalhar bem humorado em regime de escravidão????? Depois, se espalhou de forma acentuada no Sul e Sudeste a partir das migrações da década de 40. "Todos os que chegavam do Nordeste viraram baianos. Chamá-los de preguiçosos foi à forma encontrada para depreciar os trabalhadores desqualificados, para estabelecer fronteiras simbólicas entre dois “mundos”. Elisete afirma que os próprios artistas da Bahia, como Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Gilberto Gil, têm responsabilidade na popularização da imagem. "Eles desenvolveram esse discurso para marcar um diferencial nas