Administração
Frei Betto
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Muitas empresas brasileiras devem o êxito de seus negócios ao fato de terem sido apadrinhadas pelo governo. O tráfico de drogas parece irrisório diante do tráfico de influências. Enquanto na Suíça basta um dia para abrir uma nova empresa, e sem sair de casa, desde de que se tenha acesso à Internet, no Brasil são precisos meses, muita paciência com a burocracia e, por vezes, algum dinheiro para as propinasŠ Fechar a empresa é, então, muito mais difícil do que abri-la.
O sistema funciona como a história do pai que bateu no filho, que se vingou no cachorro, que correu atrás do gatoŠ Como a carga tributária é altíssima, a sonegação se equipara, e essa prática de lesar o contribuinte aquece o caldo de cultura do lucro rápido e exorbitante. Leia-se: baixos salários, fraude ao INSS, direitos trabalhistas desrespeitados etc. Diz a lei que toda empresa com mais de 50 funcionários é obrigada a ter creche. Quem cumpre?
A mentalidade arrivista de muitos empresários brasileiros facilita o sucateamento de nossa mão-de-obra, o que é uma forma indireta de favorecer a concorrência estrangeira e, a médio prazo, corroer a iniciativa nacional. Quando os únicos valores para o empresário resumem-se em inflar a Bolsa e o bolso, às custas de sonegações e baixos salários, a estabilidade e a credibilidade do negócio ficam permanentemente ameaçadas.
Há, felizmente, exceções à regra. E uma delas é a CBMM Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, com sede em Araxá (MG), e líder mundial na exploração de nióbio, mineral utilizado para dar resistência ao aço. Fundada em 1955 e sem jamais depender de favores ou empréstimos governamentais, a empresa, que exporta 92% de sua produção, faturou, em 2004, R$ 908 milhões.
Tal êxito se deve à auto-estima de seus funcionários, que ganham 13 salários e participação nos resultados anuais. O piso atual é de R$ 1.450 e 80% das famílias vinculadas à CBMM já têm casa própria quitada. Entre os