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Fernando Dolabela* O empreendedorismo virou moda? Nada aconteceu assim de repente. O empreendedorismo não é conseqüência de uma teoria de um guru da administração, uma receita de economistas neoliberais ou uma proposta da ideologia marxista, apesar de países que adotam uma ou outra linha estarem vivamente interessados em criar uma cultura empreendedora.
Os avanços no conhecimento e a febre no ensino são fruto do trabalho persistente e anônimo de acadêmicos, empreendedores e praticantes de todo tipo, na busca do entendimento deste fenômeno. Há quem diga que os estudiosos demoraram a se interessar pelo tema. Alguns milhares de anos.
Peter Drucker acha que o empreendedorismo demorou a virar moda porque foi, durante muito tempo, rejeitado pelos conceitos centrais da economia clássica, que condenou o empreendedor "ao reino nebuloso das 'forças externas', juntamente com o clima, governo, política, pestilência, guerra e tecnologia".
Divergindo dos clássicos, duzentos anos atrás, Jean Baptiste Say criou o termo entrepreneur para descrever alguém que perturba e desorganiza.
Coube a Schumpeter retirar o empreendedorismo da sua longa hibernação conceitual. A partir da década de 70 do século passado, o empreendedor passou a ser considerado um ator econômico destacado das "forças externas" e começou a merecer a atenção dos acadêmicos. Ao fazer emergir o termo empreendedor, Schumpeter fortaleceu o seu vínculo com a inovação, função presente em quase todos os conceitos sobre o empreendedor.
A micro e a pequena empresa, no entanto, despertaram o interesse dos estudiosos no início do século passado, pela sua importância crescente na economia. Mas é conquista do nosso tempo reconhecer a importância do empreendedor como agente central do processo econômico.
Say e Schumpeter desvelaram um segredo que tem a idade da civilização: a capacidade que o ser humano tem de ser protagonista do próprio destino, de agir intencionalmente para