ADEQUAÇÃO E FORMA
Pode algo ser belo para qualquer outro propósito a não ser aquele para o qual é belo que seja usado? [Sócrates]
A “adequação ao propósito” é um fundamento da noção sobre design que despontou a partir da primeira fase da industrialização; dessa forma, estabelece-se um paralelo com a frase: quando relaciona beleza e propósito, Sócrates estipula que o conceito de belo está entrelaçado à aplicação, ao uso, e não à forma. Essa linha de pensamento foi introduzida e aplicada à arquitetura por Karl Friedrich Schinkel, no século XIX. Para o arquiteto, a condição de “estar na medida do propósito” – atribuição assimilada pela mente, a partir de conceitos e valores preestabelecidos – era o preceito elementar de toda e qualquer construção, sendo o valor artístico definido pelo grau da expressão material – como os conceitos e valores são percebidos e atribuídos por meio dos sentidos físicos.
No século XX, entretanto, a discussão sobre a funcionalidade passou a girar em torno da análise visual, partindo do pressuposto de que é possível julgar a conformação do objeto apenas ao estudá-lo com o olhar: aqui, o ornamento descaracteriza a funcionalidade. Levanta-se novamente, então, as questões: é possível expressar conceitos complexos com base no aspecto visual? Como é possível atribuir significados a partir de formas? Tudo tem início na compreensão do significado de “forma”, amplamente discutido no estudo da Língua Portuguesa. O autor considera três abordagens de significação, que, nesse contexto, formam um conjunto e não exercem sentido completo quando isoladas:
- Aparência: aspecto;
- Configuração: composição, arranjo das partes;
- Estrutura: dimensão construtiva.
Aborda-se “forma”, então, como algo de dimensões múltiplas e interdependentes. Schinkel, arquiteto neoclássico, atribuía qualidades de força, beleza e harmonia aos princípios construtivos que podiam ser absorvidos da aparência e da estrutura, como proporções regulares, simetria, subordinação do