Adequação do ensino do português como l2 nas crianças surdas: um desafio a superar/enfrentar
Marisa Dias Lima[1]
RESUMO: A história do povo surdo revela que por muitos séculos de existência, os aspectos educacionais têm sido elaborados numa perspectiva dos ouvintes e não dos surdos que, quase sempre, são ignorados e desvalorizados como sujeitos e profissionais que podem contribuir a partir de suas capacidades inerentes e de sua diferença: a de ser surdo. Desta maneira, a “integração/ inclusão” de sujeitos surdos nas escolas, tendo-se a língua oral e não a LIBRAS como principal forma de comunicação, faz-nos questionar se o seu conteúdo metodológico ouvintista significa integrar o surdo realmente. Na verdade, os seus conteúdos desenvolvidos são basicamente uma suposição, “adaptação” forçada para os surdos. Assim, este trabalho elege como objeto de estudo uma proposta das utilizações de estratégias pedagógicas adequadas no ensino de português como segunda língua para uma efetiva inserção dos surdos no processo escolar, dinamizando por meio de recursos específicos o processo ensino-aprendizado dos surdos.
Palavra-chave: LIBRAS, Português L2, Estratégias Pedagógicas, Aprendizagem.
INTRODUÇÃO
O uso da linguagem é essencial à vida em comunidade, pois é através dela que partilhamos idéias, emoções, experiências e valores de um determinado grupo. Sem a linguagem as nossas potencialidades como ser humano ficam muitíssimo reduzidas. Assim, contrariamente aos ouvintes, os surdos, por possuírem como LM (Língua materna) uma língua diferente da falada pelos primeiros, compartilham com outros surdos experiências de mundo essencialmente visuais, por meio das imagens e movimentos que os cercam. A conseqüência primeira dessa realidade é a existência de uma cultura surda própria e diferenciada daquela do mundo ouvinte (Skiliar,1998;Faria,2002c). Para a maioria das crianças que se iniciam na escola, o uso da língua de escolarização é também a língua materna - mas