Adams Dilbert
Nildo Viana*
O personagem de Scott Adams, Dilbert, satiriza o mundo das empresas capitalistas e
burocráticas.
Um
mundo
caracterizado
por
reuniões
inúteis,
incompetência generalizada, competição desenfreada, exploração, estratégia de reprodução do poder, corrupção, entre outros aspectos manifestam as relações sociais numa empresa que pode ser considerado, simultaneamente, um microcosmo e uma metáfora da sociedade capitalista. As histórias do personagem são curtas, já que são tiras diárias. Contudo, constitui um universo ficcional cuja gênese é social. Adams teve como fonte inspiradora as suas relações de trabalho em grandes empresas pelas quais passou e as reproduz em seu universo ficcional. O nosso objetivo é analisar este universo ficcional buscando explicitar o tipo de crítica realizada e sua relação com os processos sociais que o engendra.
Os quadrinhos de Dilbert mostram a realidade cotidiana nas empresas capitalistas. Diversas
relações
sociais
são
apresentadas
nesse
processo,
especialmente o trabalho. Trata-se das relações de trabalho da atual fase do capitalismo contemporâneo, marcado pela emergência do regime de acumulação integral (Viana, 2009). Assim, este universo ficcional mostra relações sociais da sociedade contemporânea e outras que são permanentes na sociedade moderna, ou seja, as relações de trabalho em sua configuração atual e em aspectos que são permanentes no capitalismo. Esses aspectos atuais tornam este universo ficcional impossível em épocas anteriores. Contudo, isso não é privilégio seu, pois é o caso de milhares de outros universos ficcionais produzidos contemporaneamente. O que diferencia esse universo ficcional dos demais é não só o foco em determinadas relações sociais, mas a perspectiva que ele manifesta. Assim, é uma expressão figurativa dessa realidade social sob determinada perspectiva. A sátira busca realizar