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Quando acordo, procuro pelo calor de Prim, mas não a encontro. Ela deve ter tido pesadelos e foi dormir com nossa mãe, pois hoje é o dia da Colheita. Posso vê-las no outro quarto dormindo juntas. Fico observando a beleza de minha irmã, ela é linda como a flor que inspirou seu nome.
Deitado aos pés de Prim está seu gato Buttercup. Ela ainda deve lembrar que já tentei afogá-lo em um balde, pois seria mais uma boca para eu alimentar. Mas, esta na hora de ir caçar. Já vestida, pego o queijo que Prim deixou para mim.
Chamamos de Costura, a parte em que vivemos do distrito 12, há sempre muitos mineiros dirigindo-se para o turno da manhã. Exceto no dia da Colheita, hoje as ruas estão vazias.
Tenho que andar até a Campina e passar por uma alta cerca de arame que deveria estar eletrificada o dia todo, mas nem sempre está. Mas para garantir sempre atiro pedras para ouvir o zumbido. Nessa manhã, está silenciosa.
Após passar a cerca, apanho meu arco e uma aljava de flechas em um tronco oco. Meu pai foi quem me ensinou a caçar antes de ele morrer em uma explosão na mina, eu tinha onze anos. Cinco anos depois ainda acordo a noite gritando.
Ultrapassar a cerca é ilegal e caçar pode render as piores punições. Mas alguns Pacifistas fingem não ver o que fazemos, muitos passam fome como nós. Eles são os melhores clientes.
Aqui devemos cuidar do que falamos, até no meio da floresta alguém pode lhe ouvir. Somente no Prego, onde vendo minha caça, é que podemos discutir sobre algo diferente. Fujo de assuntos como a colheita, ou a falta de comida, ou os Jogos Vorazes.
Estou esperando meu amigo Gale. Ele me chama de Catnip, mas meu nome real é Katniss. Gale me trouxe um pão, a primeira coisa em que faço ao tê-lo em minhas mãos é cheirá-lo.
Então brincamos sobre os Jogos Vorazes e dizemos juntos: Feliz Jogos Vorazes e que a sorte esteja sempre a seu favor!
Um pão, um pedaço de queijo, e algumas amoras. Esta é nossa refeição, seria bom se todos os dias fossem assim.