acasos e criação artistica
PERCEPÇÃO: SIGNIFICADOS
Cada momento de percepção encerra múltiplos momentos de Interpretação e compreensão. Imaginemos a seguinte cena: o telefone toca; alguém diz-. ' 'estarei aí dentro de meia hora ", e simplesmente desliga. As interpretações podem ser várias. É possível que tenha sido uma ligação errada; já eu me aborreço por ter que interromper um trabalho urgente, ressentida também com o tom brusco de quem deu mensagem tão lacônica. Mas talvez não fosse uma ligação errada nem a mensagem fosse surpreendente, embora o momento e a maneira o fossem. Posso pensar: "ainda bem, dentro de meia hora se resolve o assunto", ou então, desesperada: "em meia hora! não termino nada". Também posso receber este recado com alegria; paro de trabalhar e vou correndo me arrumar. De qualquer modo, engano ou não, o evento do telefonema não surgiu num vazio. Além da situação concreta, havia uma predisposição minha; havia lembranças e certas expectativas, como parte de minha realidade de vida. Elas serviram de referencial para avaliar a relevância do recado e os eventuais significados que pudesse conter.
Cabe entender a percepção como um processo altamente dinâmico e não como mero registro mecânico de algum estímulo. "Dinâmico", no amplo sentido da palavra, de "forças em atividade". Nós participamos ativamente da percepção em vez de apenas estarmos passivamente presentes.
De saída, a percepção se estrutura através de processos seletivos, a partir das condições físicas e psíquicas de cada pessoa, e ainda a partir de certas necessidades e expectativas. Frente aos incontáveis estímulos que nos chegam continuamente, esta seletividade representa uma primeira instância de filtragem de significados. Como que estabelecendo um esquema de prioridades em nossa atenção, perceberemos certas coisas, podendo achá-las importantes ou menos importantes, e outras ainda, muitas outras coisas, simplesmente haveremos de ignorar. Assim a seletividade permite-nos interpretar