acadêmica
SÃO
Neuroplasticidade e a
Recuperação da Função após lesões Cerebrais
José Brenha Ribeiro Sobrinho*
As lesões cerebrais são talvez as que provoquem maiores e mais extensos déficits funcionais no ser humano.
As células nervosas perdidas não podem ser regeneradas por divisão celular e a possibilidade de neoformação de seus prolongamentos citoplasmátiCos condutores de estímulos (dendritos e axônios) é limitada pela cicatrização do foco lesional, fenômeno este que começa alguns dias após a lesão, sendo o crescimento axonal suspenso 2 semanas após 2 a lesão. Via de regra, as lesões cerebrais mesmo focais provocam disfunções, paralisias e déficits que acometem várias modalidades das inúmeras funções do cérebro, funções estas que garantem no ser humano a sua insuperável adaptabilidade aos mais diversos e inóspitos ambientes.
Entretanto, por graves que sejam as conseqüências destas lesões, observam-se que freqüentemente ocorrem melhoras nos déficits funcionais; em alguns casos, já nos primeiros meses de evolução do doente e em outros, após vários meses ou até mesmo anos.
Estas recuperações funcionais são via de regra parciais e funcionalmente pouco eficazes4 , mas de qualquer maneira denotam uma capacidade do sistema nervoso e particularmente do cérebro de desenvolver mecanismos adaptativos para levar a cabo a sua função integradora entre o meio ambiente e o indivíduo.
Este complexo de mecanismos adaptativos q u e permitem a recuperação parcial das funções corticais é a manifestação de uma propriedade intrínseca do sistema nervoso que é o de modificar a sua organização estrutural e funcional em resposta a estimulações reiteradas. Este mecanismo é denominado plasticidade. A plasticidade cerebral é o meio pelo qual o organismo cria modificações funcionais duradoras permitindo a acomodação entre os desafios do meio e as possibilidades do indivíduo.
A outra propriedade fundamental do sistema nervoso é a excitabilidade que está