acadêmica

“Um imenso lápis vermelho”, de Fanny Abramovich

Sempre fui uma menina curiosa. Digo isso porque tenho a nítida sensação de que ela ainda existe. Sinto sua presença quando tenho aquela vontade doida de soltar pipa e jogar peteca; coisa que faço até hoje. Enquanto ela existir, tenho certeza que nunca faltará alegria. As crianças têm o poder da fantasia, pena que quando crescemos achamos que não precisamos dela, ledo engano. Só fica triste se quiser. É só sonhar. Pode ser o que quiser e se precisar, pode se esconder num lugar onde ninguém vai achar.
Se não me engano, estamos aqui para falar sobre as minhas lembranças da época da escola, os nossos professores. Minha vida escolar começa nos idos anos sessenta, o primário na Escola Irã. Faz tempo né? Guardo poucas lembranças. Não me lembro mais do nome dela, só a imagem: baixinha, olhos expressivos, mas uma coisa me chamava muito a atenção ou pelo menos tenho essa sensação; ela tinha bom gosto. Não sei explicar porque acho isso. O que me marcou bastante, e eu diria que para a vida toda, foram os exercícios que fazíamos com as gravuras, tiradas das “folhinhas”, que a professora afixava no quadro e nos ensinava a escrever frases sobre elas.. Acho que foi a partir daí que me apaixonei por escrever e trago até hoje essa doce vontade. Fora isso, trago na lembrança a convivência conflitante com um coleguinha que me importunava muito, o “Wladimir”, e a professora nunca tomou nenhuma atitude para acabar com aquela situação. Só isso!
A vida seguiu seu rumo, eu e minha família mudamos para outro bairro bem distante desse onde morávamos. Com sinceridade, nem senti falta dessa escola. Apenas das minhas vizinhas e amigas Denise, Diva, Deise e Dione, filhas da dona Dolores. Ah! Ela tinha uma filha mais velha, a Deja, que dava aula de reforço. Volta e meia participávamos da classe. Logo que chegamos ao novo destino percebi que seria muito feliz naquele lugar. E o tempo confirmou isso.
Vida nova, casa nova, novos