Abulição
"A escravidão é o opróbrio da América... Nossa pátria sente o rubor desse opróbrio e não quer merecê-lo."
Rui Barbosa - Projeto da emancipação da escravidão, 1884.
Com a abolição da escravidão nos Estados Unidos, determinada por Lincoln em 1863, nas Américas a nefanda instituição somente ainda sobrevivia em Cuba e no Brasil. Na década de 1870, começaram a proliferar por grande parte do Brasil pequenas células abolicionistas. Em geral eram jovens abnegados, advogados, jornalistas e estudantes, como o poeta Castro Alves, quem por primeiro se engajaram. Grande conversão à causa da libertação dos escravos deu-se com a adesão de Joaquim Nabuco, um ilustre descendente do patriciado pernambucano, homem cultíssimo que emprestou a sua pena e a sua inteligência para participar, nos jornais e revistas da época, da guerra ideológica contra os escravocratas em recuo.
Os abolicionistas não ficaram apenas presos à imprensa. Muitos deles trataram de ajudar pessoalmente os escravos a fugirem e a ocultarem-se em quilombos formados nas periferias urbanas, como foi o caso do quilombo do Leblon, no Rio de Janeiro, ou acoitando-se na Serra de Cubatão, em São Paulo. Ainda que o número dos cativos regredira nos últimos anos, eles andavam ao redor de 750 mil pelo Brasil inteiro.
Moralmente, passou a ser cada vez mais insustentável apoiar a manutenção do cativeiro dos negros. Entre os mais destacados deles, dos abolicionistas, encontravam-se Euzébio de Queirós, Tavares Bastos, Pimenta Bueno, Rui Barbosa, Souza Dantas, Tobias Barreto, Teodoro da Silva, João Alfredo, José do Patrocínio, André Rebouças, e o precursor Luís Gama. Todavia, interessa observar que muitos abolicionistas não eram republicanos e muitos republicanos não eram abolicionistas. Somente nas vésperas dos acontecimentos do Quinze de Novembro de 1889 é ocorreu uma fusão definitiva entre abolicionismo e republicanismo.
O ponto alto da doutrinação abolicionista - graças ao trabalho ideológico