Abismos Contemplativos da Memória - Relatório

Abismos Contemplativos da Memória
Heloísa Junqueira
RELATÓRIO

Abismos Contemplativos da Memória trata-se de um arquivo fotográfico feito a partir de mais de cinco anos de viagens. Heloísa descobre nesses registros guardados, uma semelhança, uma repetição. Algo que não tem uma função muito clara mas que deixa um mistério em pauta. Um mistério exatamente no que as fotografias lhe proporcionam ao vê-la.
Cada fotografia leva consigo uma história, e vê-las, ou revê-las, é resgatar lembranças. E resgatar lembranças mexe com o imaginário, nos faz querer revivê-las, traz consigo a nostalgia, que é um atributo da memória.
E esse foi um dos objetivos alcançados por Heloísa, ao nos fazer ver sua exposição de memórias. Uma de minhas colegas de sala de aula, ao entrar no quarto onde a obra estava exposta, e ao se deparar com todas aquelas folhas ao chão, no cheiro do ambiente, começou a chorar. Uma reação causada ao se lembrar de todas suas viagens, suas lembranças de momentos que não voltarão mais e que a única forma de vivê-las novamente seria por meio da fotografia. O que acredito que ela tenha muitas.
A obra de Heloísa nos faz criar uma ponte entre o passado e o presente, uma reconstrução do momento que foi registrado. Do corpo que estava ali presente e que continuou apenas nas fotografias. Pois aquilo já acabou, mas o momento vivido é irreversível.
Acredito que sua intenção tenha sido exatamente essa: Nos fazer buscar nossa memória.
Ao observar as fotos, nossa mente tenta recriar o que aconteceu ali, nos faz pensar o que poderia estar acontecendo, o que estava sendo observado. É onde nosso imaginário toma conta. Ele nos faz buscar qualquer coisa que faça com que nos liguemos ao passado. Porém, cada espectador tem uma interpretação diferente sobre a cena.
Deixo aqui um pensamento que, acredito, expressar bem o trabalho de Heloísa:

"De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para sempre o instante preciso e transitório. Nós, fotógrafos,