Abismo
Luiz Flávio Gomes
Publicado em 12/2012. Elaborado em 12/2012.
Os negros ainda constituem um gládio de massacrados e violentados no país, de forma que o discurso polido, inclusivo, cordial e respeitoso, na prática, não tem trazido resultado estrutural e modificador de nossa cultura segregadora e discriminatória.
José Bonifácio de Andrada e Silva, no seu Projeto para o Brasil, organização de Mirian Dolhnikoff, São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 47, num escrito de 1823 (para a Assembleia Constituinte) indagava: “Por que os brasileiros somente continuarão a ser surdos aos gritos da razão e, direi mais, da honra e brio nacional?”. Conclamava o intelectual citado a que todos ouvissem sua fraca voz a favor da causa da justiça, e ainda da sã política, causa a mais nobre e santa, que pode animar corações generosos e humanos. Suas lúcidas ponderações continuam mais vivas que nunca, bastando atualizar a escravidão pela miséria, que é mais discriminatória frente ao jovem negro. Mais que diante do jovem branco.
De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2012 – Uma análise das condições de vida da população brasileira, elaborada pelo IBGE e divulgada nesta quarta-feira, dia 28 de novembro, nos últimos dez anos (2001-2010), o percentual de negros (pretos ou pardos) que ingressaram no ensino superior aumentou de 10,2% para 35,8%.
Porém, mesmo após uma década e apesar desse crescimento, o abismo entre brancos e negros ainda é muito grande no país. Isso porque, já em 2001, 39,6% dos brancos ingressavam no ensino superior, um percentual maior do que aquele conquistado pelos negros dez anos depois (Folha.com).
Da mesma forma, o percentual de negros (pretos e pardos) que se encontravam na série certa para sua idade (ensino médio) em 2011, que foi de 45,3%, ainda é inferior ao que os brancos atingiram em 2001, 49,5%.
Assim, por mais que se diga que o racismo e o preconceito vem sendo superados no Brasil, a