Abertura de mercado
A evolução da economia brasileira desde meados do século passado — quando se iniciou o cômputo das Contas Nacionais — mostra duas características salientes. Primeiro, um crescimento médio relativamente alto do produto; segundo, uma notável quebra de tendência, ao redor de 1980. Os números da Tabela 1 ilustram esses pontos.
TABELA 1 BRASIL: TAXAS MÉDIAS DE CRESCIMENTO REAL DO PRODUTO INTERNO BRUTO, POR PERÍODOS SELECIONADOS, 1948-2010 (Médias das taxas anuais, em %) PERÍODO 1948-2010 PIB 5,2 PIB per capita (*) 2,8
1948-1980 1948-1962 1963-1967 1968-1980 1981-2010 1981-1990 1991-2010
7,5 7,6 3,5 9,0 2,6 1,6 3,0
4,6
0,8
(*) Dados per capita até 2009. Fonte: computado a partir de dados em Ipeadata.
Como se vê na Tabela, as taxas médias de crescimento do PIB e do PIB per capita, para as seis últimas décadas, foram de 5,2 % e 2,8 %, respectivamente. Para comparação, pode-se mencionar que, no mesmo período, a taxa média de crescimento do PIB dos Estados Unidos foi bem menor: 3,2% ao ano1. Mas o que chama mais atenção é o contraste entre o vigoroso crescimento do período 1948-1980 e o ritmo muito inferior da expansão do produto, nos últimos trinta anos. Para se ter uma idéia
1
Ver: US Department of Commerce, BEA.
2 mais concreta dessa inflexão, basta notar que a taxa de aumento do PIB per capita nas três décadas anteriores a 1980, 4,6 % ao ano, significava que a renda média da população dobraria a cada 15 anos, aproximadamente; em contraste, nas três décadas seguintes, 1981 a 2010, seria preciso um período quase seis vezes maior (87 anos) para que a renda per capita duplicasse, ao ritmo de expansão de apenas 0,7 % ao ano. No período antes de 1980, o crescimento da economia brasileira destacou-se, em relação ao de outros países. Estudos comparativos mostram que poucas economias tiveram expansão comparável, ao longo do século