abelhas
A própolis, substância fabricada pelo inseto para construir colméias, também ataca bactérias que se alojam na boca.
DANIELLE NOGUEIRA
O mesmo inseto que produz uma das maiores fontes de cárie guarda o segredo para erradicá-la. A própolis, fabricada pelas abelhas para construir colméias, também é capaz de eliminar as bactérias que se alojam na boca. Estudo feito com humanos por pesquisadores da Unicamp, em Campinas (SP), mostrou que a substância reduz em 40% a placa bacteriana. Em testes com animais, o percentual foi de 60%. Os cientistas querem, agora, desenvolver uma pasta de dente ou uma solução para bochecho que contenha própolis e, assim, ajudar a baixar a incidência do maior inimigo da saúde bucal. Em média, uma criança de 12 anos tem dois dentes cariados.
O engenheiro de alimentos Michel Hyun Koo viajou por todo o país coletando abelhas das cinco regiões brasileiras. Entre ferroadas e arranhões, conseguiu colher 2.500 amostras de própolis. Depois de meses passados em florestas e no cerrado, o pesquisador voltou ao laboratório da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, no interior de São Paulo, e analisou as amostras. Identificou cerca de 100 componentes, dos quais dois se mostraram potentes armas contra a bactéria Streptococcus mutans, hóspede mais assíduo da boca.
Enzima - As duas substâncias agem sobre uma enzima da bactéria considerada vital para sua sobrevivência, a GTF. A enzima quebra o açúcar que serve de alimento para as abelhas, permitindo a produção de glucano, uma espécie de cola biológica usada pelos insetos para se fixar à superfície. ''É assim que a bactéria se gruda ao dente. Ela, então, passa a secretar ácido, que corrói o dente, formando a cárie'', explica o dentista Jaime Cury, também da Unicamp, que participou do estudo com Koo.
Os primeiros testes foram feitos em laboratório, quando a própolis eliminou 95% das bactérias. No entanto, nem tudo o que acontece dentro de tubos de