Abderramão
Ao se iniciarem as lutas pelo poder em al-Andalus nos tempos do califa Hisham II, ele se retirou para a corte cordovesa. Estava refugiado em Valência quando os hamúdidas tomaram o trono pelas mãos de Ali ibn Hammud al-Nasir em 1018. Abderramão foi então convencido pelos familiares omíadas a se apresentar como pretendente legítimo ao califado.
À frente de um poderoso exército, disposto a marchar contra Córdoba após ter conquistado Jaén (em março), soube que Ali ibn Hammud fora assassinado e que seus aliados o haviam traído ao preferirem que seu irmão, que era governador de Sevilha, ocupasse o trono. Os omíadas proclamaram Abderramão califa (em 29 de abril de 1018), que adotou o título (laqaq) de "al-Murtada" ("O que goza da satisfação divina").
Contudo, Abderramão não se mostrou tão maleável quanto acreditavam seus aliados. Por isso, aproveitando-se de um ataque que as tropas omíadas realizaram contra Guadix, foi traído e, ao invés de cair no campo de batalha, terminou assassinado.
A sua vida está de tal forma identificada com o governo do seu estado que acabamos por ter mais material biográfico sobre o seu antecessor Abderramão I, que sobre si, inegavelmente mais importante no plano histórico. Era neto de Abdalá, outro grande líder hispânico dos omíadas, a quem sucedeu.
Chegou ao trono numa época em que toda a Espanha estava exaurida por mais de uma geração de conflitos tribais entre árabes e de escaramuças entre muçulmanos e descendentes hispânicos. A maior parte da população, de origem hispânica, composta por renegados e cristãos, assumidos ou não, era favorável à ascensão ao poder de um governante poderoso que os protegesse contra a aristocracia árabe. Esta última, composta por nobres muçulmanos politicamente incansáveis, compunha o principal núcleo de oposição a Abderramão. Logo