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O Último Trem nos conta a história de dois personagens extremamente diferentes e, ao mesmo tempo, bastante parecidos: Miguel, um cinéfilo de 65 anos, projetista, que dedicou toda a sua vida ao Cine Vera Cruz e a levar a magia do cinema a todas as pessoas que soubessem apreciá-la. E Angelina, adolescente de uns 16 anos, atriz, que foge de casa (e de um mundo que lhe oferecia apenas abusos e violência) atrás de seus sonhos, que nem ela mesma sabe ainda quais são. A história se passa no início da década de 90, época em que o governo Collor praticava abusos contra a população e o Brasil enfrentava uma grave crise econômica. Com a crise, o Cine Vera Cruz, cinema em que Miguel morava e trabalhava, é fechado para dar lugar a uma grande Igreja Evangélica. Miguel, sem rumo e pego de surpresa, vai morar em uma pensão para idosos, sem perspectiva nenhuma para o futuro.
No outro vértice da história, Angelina resolve fugir de casa após uma tentativa de estupro praticada por seu padrasto e, seduzida pela aventura (e por um Don Juan da vida), vai embora, levando apenas sua mochila e seus sonhos. Em algum ponto da história Miguel e Angelina se encontrarão e o amor que ambos tem pela arte os levará a um vilarejo no interior do país, onde as pessoas jamais viram um cinema, ou mesmo sabem o que significa isso. Para Miguel, uma oportunidade de levar a diversão às pessoas, de fazer algo pelo mundo, de deixá-lo mais feliz. Para Angelina uma fuga, uma nova aventura e, principalmente, uma oportunidade de compartilhar de todo o conhecimento que Miguel tem a oferecer.
A narrativa é simples mas recheada de referências a gênios do cinema, estrangeiros e brasileiros. As falas de Miguel muitas vezes são permeadas por textos retirados de clássicos cinematográficos e são de uma sabedoria ímpar, que fez meus olhos brilharem ao reconhecer alguns (não muitos, admito). Angelina e Miguel se completam de uma maneira linda, como um pai e uma filha que se reencontram após muitos