8 °conferencia
Realizada de 17 a 21 de março de 1986, Brasília/DF
A pré-Constituinte da Saúde
O processo que culmina com a realização da 8ª Conferência Nacional de
Saúde (CNS) remonta a antes da década de 70 e é acima de tudo o resultado de um grande movimento de âmbito nacional em defesa da saúde. Originário nos grupos de profissionais que configuravam uma oposição às propostas para o setor implementadas pelos governos militares, o chamado "movimento sanitário" cresce e ganha consistência, ao mesmo tempo que avança na produção de conhecimento, na crítica ao modelo de política de saúde vigente e na denúncia da situação sanitária da população.
Sua importância política, antes negada e combatida, é reconhecida e suas bandeiras conquistam espaço de expressão com o processo de "abertura" democrática e com a flagrante falência do sistema e piora das condições de vida da população.
Entretanto, mesmo antes desse período, várias propostas gestadas e construídas no interior desse movimento já faziam parte do elenco de experiências, documentos e discussões que buscavam uma alternativa para as opções de governo até então implementadas.
Assim, algumas trajetórias visando atingir esse objetivo já vinham sendo trilhadas: do PIASS (Programa de Interiorização de Ações de Saúde e
Saneamento) à frustada promessa do PREV-SAÚDE, até chegar ao programa das AIS (Ações Integradas de Saúde), passando pelo plano
CONASP, foram alguns dos mais importantes mecanismos implantados. Instituições como o CEBES (Centro Brasileiro de Estudos da Saúde) e a
ABRASCO (Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva) sempre tiveram papel fundamental nesse processo, tendo sido cruciais nos anos cinzentos do obscurantismo impostos pelos governos militares.
Com o projeto da auto-proclamada "Nova República", aglutinam-se em torno dessas propostas as forças sociais e políticas comprometidas com o processo de mudança.