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Marilene de PaulaObstáculos para o
Desenvolvimento?
O casal Maria do Espírito Santo e José Cláudio Ribeiro da Silva voltavam para a cidade de Nova Ipixuna, interior do Pará, região amazônica, às 7h da manhã do dia 24 de maio de 2011, quando foram pegos numa emboscada por pistoleiros. Os dois foram mortos porque denunciavam a extração de madeira ilegal na região.
Já vinham sofrendo ameaças desde 2008 e fizeram várias denúncias à Polícia.
A área era a última da região que ainda possuía potencial madeireiro, cobiçado por carvoarias e madeireiras. Maria e José Cláudio foram mortos para garantir um modelo econômico tão lucrativo quanto violador das normas ambientais e dos direitos das populações da floresta. Um dia após a morte dos extrativistas, o líder do Partido Verde, deputado José Sarney Filho, lia uma matéria sobre o assassinato no plenário da Câmara dos Deputados. Durante a leitura do trecho que falava sobre o empenho do casal na defesa dos direitos humanos, da galeria e do plenário uma grande vaia se fez ouvir.
Uma forma de analisarmos a reação do público e dos deputados é atribuir o significado da vaia dada em plenário àquilo sobre o qual não há interesse em discutir ou se evita ao máximo: o modelo de desenvolvimento brasileiro e sua relação com o quadro de violação (de toda sorte!) dos direitos humanos. Mas todos os males da sociedade brasileira vêm do seu modelo de desenvolvimento?
Não. Entretanto, em alguns casos, as escolhas desse modelo são o principal catalisador dos conflitos sociais e geram as violações de direitos.
O modelo de desenvolvimento brasileiro, se analisarmos apenas os últimos
15 anos, continuou permitindo a convivência cotidiana com graves violações de direitos. Mais do que isso, muitos dos projetos de desenvolvimento estão completamente imbricados com a destruição da biodiversidade, remoção forçada de pessoas dos territórios, aumento da violência e precarização do modo de vida, seja de população indígena,