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“Novos cabanos”: o recente processo de ressurgimento e ressignificação de identidade no Baixo Tapajós
Wilverson Rodrigo Silva de Melo (UFPE)
1.
Um breve retrospecto histórico da Cabanagem no Baixo Amazonas
Segundo, Caio Prado Junior (1933, p.137-138), a cabanagem foi “um dos mais, senão o mais notável movimento popular do Brasil. É o único em que as camadas mais inferiores da população conseguem ocupar o poder de toda uma província com certa estabilidade. [...] a primeira insurreição popular que passou da simples agitação para uma tomada efetiva de poder”. Muito, além disso, o antropólogo inglês David Clearyapud Lima (2008, p. 294), destacou no ano de
1998, que a cabanagem deve ser pensada como uma das maiores e mais abrangentes revoluções políticas de todo o Novo Mundo.
Instaurada a Cabanagem na capital do Grão-Pará, as autoridades do
Baixo Amazonas decidem por criarem uma liga defensiva que seria comandada por Santarém1 e Óbidos2, na perspectiva de autodefesa mediante os revoltosos. Entretanto, devido “as frequentes incursões e estratégias guerrilheiras, as vilas, freguesias e cidades do Baixo Amazonas passaram a serem tomadas pelos cabanos que organizaram-se rapidamente no controle das respectivas localidades”, conforme afirma REIS (1979, p.114).
A vias de fato, segundo Barriga (2007, p. 42), a Cabanagem começa a ter êxito no Baixo Amazonas em 1836, quando, com muita dificuldade, os cabanos que advinham de Cuipiranga3 conseguem tomar Santarém forçando a Câmara da então Vila, a aderir ao movimento cabano, em 9 de março de 1836, desarticulando assim a liga defensiva do Baixo Amazonas, passando Óbidos a comandar a união desses municípios.
O reduto cabano de Cuipiranga nas proximidades a Santarémcontinuou de pé, mesmo após a queda definitiva de Belém (13.05.1836), e se tornou o centro do movimento rebelde e a fortaleza mais bem sucedida no interior da
Amazônia.
Um comandante das forças imperiais escreveu que o acampamento era o