3ª Identidade
Podemos começar perguntando: Quem é a criança de hoje? Quando observamos nossas crianças, podemos dizer que, apesar da semelhança cronológica, existem diferentes infâncias:
A da criança pertencente a uma família com nível sócio-econômico alto, que brinca e estuda, mas tem uma rotina preenchida com inúmeras atividades (esporte, estudo de línguas estrangeiras, artes etc.).
• A da criança que participa da formação de renda da família e por isso trabalha e nem sempre pode estudar.
• A da criança que, nas grandes cidades, acompanha os adultos ou até mesmo outras crianças, e fica pedindo esmolas ou cometendo pequenas infrações.
• A da criança que ajuda o pai ou a mãe nas tarefas diárias de casa ou do trabalho, aprendendo desde cedo uma profissão.
Todas são crianças, porém suas situações de socialização, condições de vida, seu tempo de escolarização, de brincadeiras e de trabalho são diferentes. É fundamental que tenhamos consciência dessas diferenças para que saibamos conhecer melhor as crianças com quem convivemos e por quem, como educadores, temos responsabilidades.
A etapa histórica em que estamos vivendo, marcada pelo avanço tecnológico-científico e por mudanças ético-sociais, apresenta os requisitos necessários para que, finalmente, a educação infantil dê um salto no sentido de compreender a criança como sujeito social e, portanto, um sujeito com direitos.
Essa mudança só será possível se a família e a escola forem capazes de compreender, seguindo o pensamento de Frabboni, que a criança é:
[...] séria, concentrada, empenhada em ampliar — por si mesma — seus próprios horizontes de conhecimento (através de uma constante atividade exploradora e interrogativa); [...] que possui grande voracidade “cognitiva” e saboreia uma descoberta após a outra e que escolhe sozinha seus próprios itinerários formativos, suas trilhas culturais, livre dos elos que impediam o seu crescimento; [...]