2036 CAPITALISMO
Introdução
Chegamos finalmente, neste vigésimo primeiro século da era cristã, a uma etapa histórica em que todos os povos da Terra, em maior ou menor grau, participam da mesma civilização: a capitalista. No entanto, muito poucos, no mundo todo, dão-se conta desse fenômeno único em toda a História. Qual a razão dessa inconsciência coletiva? Há duas razões principais, a meu ver.
A primeira delas é que o curso dessa evolução histórica só veio a se completar recentemente. Até a segunda metade do século XX, o capitalismo ainda não havia alcançado todos os confins do orbe terrestre. Algumas regiões permaneciam, até então, isoladas do resto do mundo, envoltas no espesso manto de velhas tradições. Outras viviam sob o império de um regime frontalmente anticapitalista: o comunismo.
A segunda razão, pela qual uma boa parte da humanidade ainda não tomou consciência desse fato histórico sem precedentes, é que, fora do círculo intelectual marxista, o capitalismo sempre foi apresentado, pura e simplesmente, como um sistema econômico; sendo que boa parte dos economistas o analisava, e continua a analisá-lo, na esteira dos fisiocratas franceses que tanto influenciaram Adam Smith, como o único sistema natural da vida econômica.
Creio chegado o momento de uma autêntica compreensão do fenômeno, ou seja, o momento de se tomar o capitalismo em toda a sua riqueza de sentidos (cum prehendere); vale dizer, antes de mais nada, como uma autêntica civilização, usando esse conceito em sentido eticamente neutro. Para tanto, preferi chamar a atenção do leitor para a época de surgimento dessa forma de vida geral dos povos.
Mas, além disso, pareceu-me também importante, dentre os vários traços definidores dessa civilização, ressaltar aquele que representou, indubitavelmente, o de maior relevância no processo de transformação global do mundo moderno: o poder capitalista.
I
Civilizações: a Herança Indo-Européia
Deve-se entender por civilização a reunião de