2 A Leitura Como Conhecimento
Profª Mestra Denise Duarte
Aula 2 - A LEITURA COMO CONHECIMENTO
Ler, para mim, sempre foi um ato de conhecimento e, consequentemente, de prazer. Mas apenas me tornei consciente desse processo quando precisei ensinar a ler, não a juntar sílabas, mas a somar ideias. Descobri nesse momento que, se não conscientizasse o aluno dessa possibilidade (prazer + conhecimento), jamais poderia aproximá-lo do texto. Fruir o texto significa descobrir a vida enredada em suas malhas. Significa perceber a realidade de forma mais palpável através da impalpável trama da linguagem. E palavras, signos, formas, todos juntos passam a significar mais corretamente, inclusive, que a abstrata matemática dos números. Se antes dos textos lemos a realidade com os sentidos, com os textos acrescemos mais ainda esta possibilidade da percepção porque o ler significa apoderar-me também daquilo que está distante dos sentidos. Quando leio sobre Paris, por exemplo, de alguma forma me apodero desta cidade, desta cultura sem, entretanto, precisar viajar até lá. Posso dizer que conheço Paris sem necessariamente ver Paris. Imediatamente reconheço meu país, minha cidade, pelo contraste que se estabelece entre a realidade europeia e a minha, entre a história da Europa e a latino-americana, entre a política dali e a de cá. E me descubro como indivíduo em relação a Paris. Ajudar a perceber o conteúdo informativo do texto (e a informação acontece sempre em variados graus e direções dependendo de quem lê) é fundamental para que se desenvolva o gosto pela leitura. Mais adiante, o processo se sofistica um pouco quando o leitor passa a reconhecer o texto como construção, como estrutura. Distinguir ledores de leitores é sempre fundamental quando se trata de educação. A estrutura educacional brasileira tem formado até agora mais ledores que leitores. Qual a diferença entre uns e outros se os dois são decodificadores de discurso? A diferença está na qualidade da