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Na última década, as pesquisas e práticas clínicas evidenciaram avanços, ainda que de forma bem limitada, na recuperação dos dependentes de substâncias psicoativas. Hoje se sabe que vários fatores são responsáveis pelo aparecimento dessa síndrome, como os que aqui são citados: características psicológicas, vulnerabilidade genética, gênero, padrão de consumo e aspectos sociais. Além disso, cerca da metade dos clientes que sofrem da síndrome de dependência, como a de álcool, recaem após curto prazo de desintoxicação, indicando a necessidade do desenvolvimento de estratégias mais efetivas (Bertozzi, 1993). É, portanto, um grande desafio o restabelecimento da saúde mental das pessoas acometidas dessa síndrome.
O interesse para desenvolver a presente pesquisa na área é devido à precariedade de trabalhos congêneres e, principalmente, à importância que se concebe aos períodos de abstinência e à redução de danos na habituação às substâncias psicoativas. Alguns estudos esclarecedores podem fundamentar o presente trabalho como os que são sintetizados a seguir. Investigações realizadas na Unidade de Dependência de Drogas do Centro de Pesquisa em Psicopatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, com 103 pacientes alocados em dois grupos – grupo não recaída e grupo recaída – mostram resultados importantes. No grupo recaída, dependência grave e no grupo não recaída, dependência leve. Os pacientes que recaíram apresentaram maior intensidade nos sentimentos de abandono do que aqueles que não recaíram. Além disso, os autores indicaram que os determinantes intrapessoais foram diferentes em um grupo em comparação com o outro. Assim, no do não recaída prevaleceram os estados emocionais negativos, acompanhados de impulsos e tentações e, no referente à recaída, incidiram mais a pressão social e os conflitos interpessoais recentes (Cummings, Gordon & Mariatt, 1980). Tais resultados, embora limitados, apresentam claras diferenças no comportamento