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As vezes a pior saudade não e aquela do que se viveu, mas do que se poderia ter vivido. E essas perguntas sem resposta, essas historias continuas sem final que se emparelham a uma realidade horripilante me assusta, me entorpece e, por incrível que pareça ser, me vicia.
Eu sempre volto a aquela noite, a aquela discussão sem sentido, uma briga sem necessidade, mas o que eu poderia ter feito? eu ainda era uma criança.
E engraçado como a mente viaja em pensamentos. A uma teoria de que nossa mente e uma eterna correnteza, em que os neurônios estão sempre em eterna conexão, que cada pensamento puxa outro e assim por diante. Um cheiro te faz lembrar algo, e esse algo te faz lembrar outro e assim por diante... como qualquer queda só se é necessário um leve impulso. Um impulso que eu nunca tive.
A única pessoa com a qual eu tive uma real conexão, que me amava e eu não duvidava desse amor, eu fui o responsável pela sua morte, por mais que digam que eu não tenha tido culpa, eu sei e quem diz o contrario sabe que a culpa da morte da minha avó, minha protetora, meu porto seguro, meu ar, foi minha.
Um livro, a culpa de tudo e de um livro!
Um livro some, uma discussão e tudo se interrompe.
Eu acho que não enlouqueci por que a ultima palavra que disse a ela foi “Eu te amo” do qual, pela janela de uma porta, se seguiu um sorriso da pessoa mais magnifica que poderia ter pisado nessa terra. Minha ultima memoria dela ainda com vida. Ja minha ultima lembrança dela morta foi o fechamento da sepultura, aonde ali se encerrou o meu mundo, tudo que eu conhecia.
Eu costumava falar a ela que se caso a morte viesse primeiro ao seu encontro eu me entregaria junto, medroso, eu deveria ter feito mesmo isso... por que desde então eu não vivo, eu