1 A cidade a
“Esta vila adormecida estava a cem léguas do Porto e da vida. Ali moravam alguns pescadores e marítimos, o António Luís, a Poveira, as senhoras Ferreiras, a D. Ana da Botica e as Capazorias. E, na Foz e na pensativa Leça, uma gente desaparecida com os navios de vela, os embarcadiços que iam ao Brasil em longas viagens de três meses. As casas, limpas como o convés de um navio, espreitavam para o mar, umas por cima das outras. (…)“
Raul Brandão, Os Pescadores, Foz do Douro, Abril de1920
Lordelo do Ouro, arredores da cidade do Porto, era lugar de “(…) ermos de campos e pinhais, atravessado por uma ribeira (…)”1 resiste ao tempo com a quietude de quem sabe o seu lugar.
Na altura da ocupação romana já era um ponto de passagem das estradas romanas, que saiam do Porto e se dirigiam a Braga ou Lavra. A conhecida Via Veteris, estrada velha, dirigia-se a Braga e teve um grande movimento na Idade Média.
CONVENTO
Em 1111, Lordelo assim como toda a cidade do Porto são concedidos ao bispo D. Hugo por D. Teresa de Leão.
Com a entrada em Portugal, em 1144, da Ordem de Cister, os conventos com mais forte implantação do ritual moçárabe, como o de Salzedas, Tarouca, e os que dependiam destes conventos, até aí em regime de eremitério passam por uma reforma religiosa, passando a organizar-se como Cister.
Os mosteiros obedeciam, quando criados de origem, a um modelo-tipo. A fixação desta ordem dependia da localização próxima de rios. A água é um elemento simbólico na ordem de Cister que para além de ritual e ablutório, eram marcas de fronteira. A escolha do lugar para o convento de Cister em Lordelo foi escolhido e definido pelo curso de água que ainda hoje existe.
QUINTA
A Rainha D. Mafalda, filha de D. Sancho I, recebeu do pai entre outros bens o Convento de Arouca, onde se tornaria abadessa da Ordem de Cister. Teria também bens em Lordelo, porque só assim se explica que 2 anos após a sua morte, nas Inquisições de 1258, os Hospitalários detenham em Lordelo 3 casais.