1 Epistemologia e história da ciência psicológica
Embora Wundt e James tenham concepções distintas de ciência psicológica, concordam que, como ciência, a psicologia deve ser afastada de doutrinas e temas metafísicos. Wundt é contundente quando crítica o envolvimento da psicologia com a metafísica. Nos Fundamentos de psicologia, ele procura afastar a psicologia moderna do dualismo mente-corpo cartesiano e das metafísicas materialista e espiritualista. Diz com relação às psicologias materialista e espiritualista que elas "não procuram interpretar a experiência psíquica a partir da própria experiência, mas a derivam de pressuposições de processos hipotéticos que estariam ocorrendo em um substrato metafísico" (Wundt, 1922 [1897], p. 6-7). Substrato metafísico: leia-se, mente-substância ou processos e atributos da matéria.
James também é contundente quando critica o envolvimento da psicologia com a metafísica. Temas e questões de ordem metafísica, abundantes nos Princípios de psicologia, praticamente desaparecidos na Psicologia: um curso mais breve, são abertamente criticados no Apelo para que psicologia seja uma ciência natural. Passando-lhe a palavra: "necessitamos do abandono, de modo explícito e direto, de questões sobre a alma,
o ego transcendental, a fusão de ideias ou de partículas de estofo mental, etc., pelo homem prático" (James, 1983 [1892], p. 273). Em outras palavras, o homem prático: educadores, médicos, diretores de presídios, superintendentes de asilos, clérigos, não estão interessados nesses temas, que são da alçada do filósofo, que também deve contribuir para mantê-los fora do campo da psicologia como ciência. Homens práticos estão interessados "em melhorar as ideias, disposições e conduta de indivíduos sob sua responsabilidade" (p. 272).
Para Wundt (1922 [1897]), psicologia como ciência é psicologia empírica. E, como tal, interpreta a experiência psíquica a partir da própria experiência psíquica; deduz os processos psíquicos de outros