04 Penido
Daniela Magalhães Prates
Marcos Antonio Macedo Cintra
Maria Cristina Penido de Freitas
Introdução
O processo de reestruturação do sistema financeiro brasileiro associado à abertura ao capital estrangeiro e ao ambiente macroeconômico de baixa inflação ocorrido nos anos 90 recolocou a discussão sobre o financiamento público e privado dos investimentos produtivos e de infra-estrutura econômica. Como é sabido, algumas atividades econômicas apresentam certas características em termos de risco e de retorno que dificultam o financiamento de seu investimento, seja no mercado de capitais, seja no mercado de crédito. Esse é o caso, por exemplo, dos investimentos em infra-estrutura, ciência e tecnologia e pequenas e médias empresas. São projetos de alto risco ou longo prazo de maturação, baixa rentabilidade ou retorno de longo prazo, exigindo uma fonte de funding especial ou esquemas institucionais de garantia.
Este artigo procura contribuir para esse debate ao identificar as transformações no papel exercido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES),2 bem como enumerar algumas iniciativas de diversificação e alongamento dos prazos das operações de crédito na economia brasileira nos anos 90. O trabalho lança algumas luzes tanto nos mecanismos de oferta, quanto na demanda por financiamento de longo prazo.
O artigo está organizado da seguinte forma. Na primeira seção, investigam-se as principais mudanças ocorridas no papel desempenhado pelo
BNDES como instituição financeira de fomento, bem como nas suas principais linhas de financiamento. Na segunda seção, apresentam-se outras iniciativas de articulação pública e privada de financiamento de longo prazo. Nas considerações
(1) Este artigo baseia-se na pesquisa Transformações institucionais do sistema financeiro brasileiro após o Plano Real e os desafios do financiamento de longo prazo