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As religiões indígenas: o caso tupi-guarani ROQUE DE BARROS
LARAIA é professor titular da UCG e professor emérito da UnB.
Nesta síntese foram utilizados dados dos seguintes grupos tupiguaranis: assurini do Tocantins, suruí (aikewara), urubu-kaapor, apopokuva, tenetehara e parakanã do Tocantins. O autor realizou pesquisas de campo entre os três primeiros grupos citados.
No levantamento das religiões existentes no mundo não é comum a inclusão das religiões das sociedades indígenas, apesar de Emile Durkheim considerar a importância das mesmas: “[…] não são menos respeitáveis do que as outras. Elas respondem às mesmas necessidades, desempenham o mesmo papel, dependem das mesmas causas; portanto podem perfeitamente servir para manifestar a natureza da vida religiosa”.
Judaísmo, cristianismo, islamismo, budismo e hinduísmo são exemplos de grandes religiões, que possuem muitos adeptos, porque passaram por um longo processo de globalização.
Existem, porém, numerosas outras religiões que ficaram à margem desse processo. É o caso das religiões das chamadas sociedades indígenas.
No Brasil são muito numerosas e pouco estudadas. Destacamos aqui algumas publicações que têm como objeto o estudo dessas religiões: Alfred Metraux, La Religion dês Tupinambá et sés Rapports Avec Celle dês Autres Tribus tupi-guarani (Paris, 1928); Os Mitos da Criação
1 Para efeito deste trabalho, consideramos como religião tupi um conjunto de sistemas de crenças, pertencente a diversos povos tupi-guaranis, que guardam entre si fortes semelhanças estruturais, sendo a principal delas a crença em um mesmo herói mítico.
e Destruição do Mundo, escrito originariamente em alemão, em 1914, por Curt
Nimuendaju, que estudou a mitologia dos índios apopokuvas, no estado de São Paulo;
Robert Murphy, The Munduruku Religion
(publicado pela Universidade da Califórnia, em 1958); Egon Schaden, A Mitologia
Heróica das Tribos Indígenas do Brasil
(São Paulo, 1959); Estevão Pinto, Etnologia