Menino de Engenho (Livro)

sensação, com o seu retrato, com histórias mentirosas da sua vida íntima. A morte de minha mãe encheu-me a vida inteira de uma melancolia desesperada. Porque teria sido com ela tão injusto o destino, injusto com uma criatura em que tudo era tão puro? Esta força arbitrária do destino ia fazer de mim um menino meio céptico, meio atormentado de visões ruins. TRÊS DIAS DEPOIS da tragédia levaram-me para o engenho de meu avô materno. Eu ia ficar ali a morar com ele. Um mundo novo se abria para mim. Lembro-me da viagem de comboio e de uns homens que iam conosco no mesmo carro. O tio Juca, que fora buscar-me, contava a história, afirmando que o meu pai estava doido. Todos olhavam para mim com um grande pesar. — Eu avalio como deve estar o coronel Cazuza — dizia um deles. — Naquela idade, a sofrer destas coisas! Compreendi que falavam do meu avô. — Um homem de bem como ele e tão infeliz com a família! O meu tio Juca ficava calado. E a conversa mudava para o inverno que corria bem, para os partidos de cana. E, depois, para a política. O trem era para mim uma novidade. Eu ficava à janelinha do vagão a olhar os matos correndo, os postes do telégrafo, e os fios baixando e subindo. Quando chegava a uma estação, ainda mais se aguçava a minha curiosidade. Passavam meninos com roletes de cana e bolos de goma, e gente apressada a dar e a receber recados. E uma porção de pobres a receber esmolas. Uma mulher chegou-se para mim, e toda cheia de brandura: — Que menino…

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE ____– _____ MARIA DAS COUVES CIPÓ, brasileira, viúva, empregada doméstica, portadora do RG ____, inscrita no CPF _____, residente e domiciliada na ____ JOSÉ DAS COUVES CIPÓ, menor impúbere, representado por sua genitora, ora figurando o polo ativo da presente demanda, vêm mui respeitosamente perante Vossa Excelência, através de seu advogado, proporem a presente ação: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS…

escreve se impregna de ternura e intensidade humana. Há imensa riqueza plástica, dinâmica, ativada pelo instintivismo, por uma espécie de aguçamento dos sentidos, como dizia José Aderaldo Castello. Do capítulo primeiro ao terceiro, temos a primeira infância, as primeiras revelações existenciais. No capítulo quarto, o tio leva o sobrinho órfão, de quatro anos, para o engenho do avô, o velho José Paulino. "Três dias depois da tragédia, levaram-me para o engenho do meu avô materno.…

dominado sobre seu jugo, “- Raimunda nunca há de deixar a gente. Ela tem aquela cara fechada, mas gosta da gente...” (AMADO,2006, p.87) Damião, outro personagem da trama de Jorge Amado vive o conflito entre como ele se vê, como ele é representado e como ele mesmo representa outros sujeitos do seu convívio social e lhes atribui valor. Matador de aluguel impiedoso, Damião entra numa crise de consciência ao ser questionado por Sinhô Badaró: “-Tu acha bom matar gente? Tu não sente…

Passarinho" (1944). PUBLICAÇÕES PÓSTUMAS: "A Lição do Amigo" (cartas a Carlos Drummond de Andrade", publicadas por este em 1988); "Cartas a Manuel Bandeira" (1958). OBRA "PAULICÉIA DESVAIRADA"(1922) poesias Esse livro de poesias é de 1922. É uma reunião dos primeiros poemas modernistas de Mário de Andrade, que correspondem às ousadas experiências de linguagem: verso livre, associações de imagens, simultaneidade e…

terceira em busca de trabalho nas terras do sul da Bahia. Margot atravessou os grupos, pedindo licença com sua voz quase sussurrada e em cada grupo se fazia silêncio para melhor a verem e a desejarem. Porém, mal ela passava, as conversas recaíam no tema de sempre: cacau. Os caixeiros-viajantes olhavam Margot passando entre os fazendeiros e riam. Bem sabiam que ela ia em busca de dinheiro, ganhar facilmente o que muito custara aqueles homens rudes. Só não riram quando Juca Badaró…

mama salamica geme geme you papa geme geme pá Lenga la lenga Lenga la lenga Lagoche lagoê Lagoche gogo Lagoche lagoê Lagoche papa Lagoche lagoê Lagoche nhennhen Lagoche lagoê Eu com as 4 Eu com as 4 Eu com ela Eu sem ela Nos por cima Nós por baixo Adoleta A do le ta Le peti peti petá Nescafé com chocolá A do le ta Puxa o rabo do tatu Quem saiu foi tu Barra berra birra borra burra Parara para ti Para ra ra para ti para ra ra parati Para…

mama salamica geme geme you papa geme geme pá Lenga la lenga Lenga la lenga Lagoche lagoê Lagoche gogo Lagoche lagoê Lagoche papa Lagoche lagoê Lagoche nhennhen Lagoche lagoê Eu com as 4 Eu com as 4 Eu com ela Eu sem ela Nos por cima Nós por baixo Adoleta A do le ta Le peti peti petá Nescafé com chocolá A do le ta Puxa o rabo do tatu Quem saiu foi tu Barra berra birra borra burra Parara para ti Para ra ra para ti para ra ra parati Para…

II Subindo o Tapajós III O Posto Kayabi IV Os Kayabi V Os Regatões VI O Tiro Salvador VII A Safra da Castanha VIII A Malária IX Xavantes X A SBI XI De Volta aos Xavantes XII Pantanal XIII E o Velho Caminhão nos salvou XIV De Volta às Aldeias XV Krahô XVI A Proposta de Auto-Gestão do Povo Krahô XVII Conflitos no Norte de Goiás XVIII O Cerco XIX O Julgamento XX Delegado XXI Vingança XXII Guerra Tribal XXIII Exílio XXIV O Resgate da Machadinha Sagrada XXV A…

severos, sedentos de glória, Já prélios incitam, já cantam vitória, Já meigos atendem à voz do cantor: São todos timbiras, guerreiros valentes! Seu nome lá voa na boca das gentes, Condão de prodígios, de glória e terror! Meu este sol que me aclara, Minha esta brisa, estes céus: Estas praias, bosques, fontes, Eu os conheço — são meus! DIAS, Gonçalves. “I-Juca-Pirama”. Op. cit. p. 71. O índio do poeta é forte e valente, capaz de atos que lhe dão aspectos sobre-humanos e o…