“A máscara, a fenda e o duplo espelho" Alfredo Bosi
“A máscara, a fenda e o duplo espelho"
É um dos contos mais estudados e mais conhecidos. Logo de inicio a primeiras situações narradas já devem preparar para a produção de um efeito único de um sentimento ou uma percepção. O início do conto deverá dizer alguma coisa que voltará no final, pois um espelho começa pelo final.
O que se discutia então, o tema era a alma, a unidade a alma, o que é a alma. O narrador se exime de discutir a controvérsia. Define a alma interior e a alma exterior, onde a alma interior é absorvida quase que inteira pela alma exterior. Esta divisão de alma e corpo é uma velha tradição das mais antigas tradições da metafísica ocidental.
O narrador vai contar um episódio de sua vida que vai exemplificar sua ideia das duas almas. A alma exterior é definida com muita profundidade, feita de fatos que estariam fora do sujeito. Quando a alma interior está cheia da alma exterior então não há espaço para a subjetividade. O eu interior então, identificado como a alma interior, é substrato do amor próprio, da autoestima e independente do exterior.
No conto Machado nos faz pensar que Jacobina é inteiramente dependente da alma exterior. Se tornou vazia de interioridade consistente.
Este conto tem como objetivo uma reflexão muito atual, vivemos em um mundo de carência de objetos para subsidiar a identificação em busca de uma identidade. Machado nos diz que é fundamental ter uma alma interior, caso contrário sucumbiremos e nos resumiremos a sermos imitações superficiais da nossa sociedade carente de princípios ético.
A ideia é nunca abdicarmos da nossa essência, sempre zelar pela nossa alma interior, termos nossos próprios interesses alheios aos interesses da alma exterior. O espelho que se quebrou não cumpre seu papel de refletir a mesma imagem anterior. Jacobina termina o conto novamente preenchendo sua alma interior com a alma exterior, substituindo o alferes por ele mesmo. .