É ISSO

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Muitos estudiosos da obra de Marx destacaram a importância do capítulo inicial de O capital, o capítulo sobre a mercadoria, para a efetiva materialização da "exposição" dialética da "crítica da economia política". Há, nesse capítulo, a apresentação da "totalidade" das manifestações da realidade capitalista tal como essa pode "aparecer" num primeiro movimento de totalização conceitual, cujo âmbito abarca a mercadoria tomada em sua imediaticidade fenomênica, como produto do trabalho humano concreto, como objeto dotado de utilidade, que, apesar de sua irredutível especificidade como valor de uso, ainda assim é trocado, isto é, igualado a outros valores de uso, pela superveniência da dimensão trabalho abstrato contida em todo trabalho social.

De fato, tanto a primeira seção do Livro I de O capital, seus três primeiros capítulos, quanto o primeiro capítulo, quanto a primeira oração do capítulo inicial, perfazem, cada um no seu nível de abstração, tanto mais alto quanto mais inicial a abordagem, o conjunto do movimento do capital como "totalidade simples", que se põe, inicialmente, como mercadoria, no processo de circulação, que vai dar origem ao dinheiro, o qual é a manifestação mais genérica da riqueza capitalista, a forma mais "universal" que o capital pode assumir no âmbito da troca de mercadorias.

Com efeito, todas as manifestações da "forma" mercadoria estão postas desde ocapítuloinicial de O capital. A mercadoria apresenta-se, sucessivamente, como forma simples, fortuita, e singular do valor; como forma extensiva do valor; como forma geral do valor; como forma dinheiro; e como forma preço do valor, prefigurando, por meio dessas metamorfoses conceituais, o movimento real da mercadoria no âmbito da circulação das mercadorias, isto é, antes que se ponham, em todas as suas mediações, as manifestações concretas da mercadoria que vai se tornar capital.

É vertiginoso o ritmo e a amplitude conceitual da primeira oração de O capital: nas cinco linhas, 36 palavras,

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