Á Primeira Vista

UM ANTROPOLÓGO EM MARTE
O.Sacks - Companhia das Letras, 1995
Conto: Ver ou não ver

A história, baseada em um caso real tratado por Oliver Sacks, gira em torno do reencontro amoroso entre Virgil de 50 anos e Amy. Virgil é deficiente visual, mas passa por uma cirúrgia e adquire a capacidade de ver.
Quando todos pensaram que seria um final feliz, revela-se um novo capítulo dramático para ela: Virgil consegue ver, mas não sabe entender o que vê. Diálogos entre Oliver Sacks e B.F. Skinner "Quando abrimos nossos olhos todas as manhãs, damos de cara com o mundo que passamos a vida aprendendo a ver: O mundo não nos é dado. Construímos nosso mundo através de experiências, classificação, memória e reconhecimentos incessantes. Mas quando Virgil abriu os olhos (…) não havia mundo algum de experiências e sentidoesperando-o." Skinner concorda com essa idéia ao dizer que: Uma pessoa não é um espectador indiferente a absorver o mundo como uma esponja. (…) Não estamos simplesmente "cientes" do mundo ao nosso redor; respondemos a ele de maneiras idiossincráticas, (peculiar e pessoal, muito íntimo e que só a própria pessoa entenderia (individualmente).

Amy leva Virgil o um especialista que constata algo interessante sobre o sentido da visão: "Você precisa aprender a ver, assim como precisou aprender a falar".
O diagnóstico é um raro caso de agnosia visual (incapacidade de compreender o que vê), explicado por pura falta de treino!
Virgil pode ver os objetos, mas só consegue discriminá-los satisfatoriamente ("entendê-los"), quando os toca. Seus comportamentos encobertos relacionados a compreensão do ambiente ainda são baseados fundamentalmente no sentido do tato. Isso ocorre porque Virgil não tem "vocabulário visual" (parte do repertório sensorial de comportamentos necessários para ver).
Todos aprendemos, quando ainda bebês, conceitos visuais que se tornam intuitivos:
- distância; perspectiva; movimento; cor; forma e etc. Virgil, não: