Nesta ficha vou falar de um texto que trata da “interpretação dos fundamentos sociais e mítico-religiosos das experiencias de um índio Urubu que saiu á procura de Deus.”. É a história de um índio, Uirá, que em 1934 sai da tribo á procura de Deus e encontra a sua morte. Foi escrito por Darcy Ribeiro em 1980. A sua história insere-se em histórias de movimento messiano, embora ao não ter a mesma amplitude não poderá ser caracterizado como messiano, é apenas uma experiencia pessoal fundamentada numa ideia coletiva. Os índios Urubus permanecem perto de pequenos cursos de água que desaguam no rio Gurupi, Turiaçu e Pindaré. Falam a língua Tupi e seu nome “Urubus” é a designação brasileira, pois eles se designam como “Kaapor” que tem de significado aproximado “moradores da mata” Com a chegada dos colonos os nativos assinaram um tratado de paz em que se comprometiam a não atacar outras tribos, mantendo assim um convívio pacífico. Desde então (um pouco mais de vinte e cinco anos) os Urubus perderam dois terços da população, não pela guerra mas pelas epidemias, como a gripe e o sarampo, que assolavam as tribos, os homens brancos traziam consigo doenças para que os índios não tinham defesas imunitárias e assim provocando uma alta taxa de mortalidade. Muitos dos índios Tembé, que vivem também perto do Gurupi, recolheram-se às aldeias Urubus e com ideias de cataclismo que destruiria tudo na terra. Tendo uma mitologia comum os Urubus foram-se também envolvendo cada vez mais nessa crença. Esta crença, misturada com as vagas de doenças que matavam a sua comunidade e práticas mítico-religiosas constitui a base das experiencias de Uirá. Uirá era o chefe da sua aldeia talvez por isso se deixou afetar mais pelas circunstâncias trágicas que devastavam sua tribo, incluindo o seu próprio filho. Com a sua morte, Uirá declarou-se “iñaron” o que significa cólera ou raiva, a sua cura é apenas obtida com completo isolamento e destruindo a tudo o que encontrar e quando acaba este