Nao quero

A criação do mundo:
No princípio de tudo, só existiam os índios Carajás. Eles não conheciam a terra, nem o céu, nem coisa nenhuma. Viviam em grandes cavernas de pedras, gozando de vidas eternas e felizes, podendo decidir quando seria sua morte caso se cansassem da vida que levavam.
Porém a curiosidade é forte em qualquer ser humano e como tais, os índios decidiram em conjunto que deveriam abandonar suas cavernas para explorar a terra e seus mistérios. Apenas um dos índios manteve-se na caverna, pois seu peso não permitia que ele passasse pela estreita abertura que era a entrada de sua morada, acabando por entalar-se na mesma.
A terra era coberta por uma noite sem fim, mas os Carajás eram valentes e nada lhes impediria de avançar contra o desconhecido. Nesse vasto mundo que lhes era um mistério, eles descobriram frutos, flores e todo o tipo de coisas que maravilharam os olhos dos indígenas. Compadecidos por seu companheiro que não pudera observar tais milagres da natureza, a tribo levou como presente um galho seco e os mais saborosos frutos que puderam encontrar.
- O lugar por onde vocês andam não é bom. As coisas envelhecem e morrem. Veja este galho, envelheceu. Não quero ir para um lugar onde tudo envelhece. Vou voltar. E vocês deviam fazer o mesmo! – Dito isso, homem voltou para dentro de sua caverna enquanto os outros Carajás continuavam com sua exploração naquele mundo envolto em trevas.
Um jovem índio que percorria a nova terra com sua amada em busca de alimentos, porém como a luz era inexistente a moça machucou suas mãos nos espinhos e o indígena acabou por colher mandioca brava. Envenenado pela raiz o rapaz deitou-se, passando mal como nunca. Vários urubus começaram a circundar o corpo, voando em círculos preguiçosos.
- Não está morto. Ainda se move. – Opinou um deles.
- Está sim! – Outro respondeu, irritadiço.
Enquanto discutiam furiosamente sobre o rapaz no chão, um dos urubus decidiu que deveriam consultar seu rei para resolver tal dilema.