Ética
Antes de começar a delinear afirmativamente aquilo que entendo como sendo Ética, gostaria de, através da exposição do que penso não ser Ética, esclarecer por quais razões cheguei a esta compreensão. Primeiramente, ao interrogar minha consciência sobre o que penso ser ética, mesmo sem saber expressar, intuo que não pode ser uma convenção social, não deve ser um conjunto de regras pré-estabelecidas, enfim, não há de ser um “tu deves” de Nietzsche. Trilhando a senda obscura da intuição, encontro em Gilberto Kronbauer, palavras que deram uma forma mais definida ao que, em mim, era apenas o indício de um pensamento. Diz Kronbauer: Normalmente vivemos conforme determinadas normas de conduta internalizadas que formam nossa consciência moral. A moral é este modo costumeiro e espontâneo de agir, relacionar-se com os outros, pautado por normas; é a prática e são normas que a regem. É anormal fazer ética, entendida como a reflexão crítica sobre a moral, como a teorização da moral... Por isso, fazer ética é uma raridade, mas é normal viver a moral vigente e, no máximo, discordar de algumas normas ou ações particulares, sem nos darmos conta de que elas fazem parte harmônica de um todo articulado, perpassados por valores aceitos: a cultura.
Em poucas frases, consegui esclarecer, para mim mesmo, por que não podia conceber que a ética fosse algo externo ao indivíduo, algo apenas cultural. Justamente este “viver a moral vigente”, é que me parece automático, pré-determinado, condicionado demais. Não. Isto, não pode ser a Ética. A definição de Kronbauer é muito precisa: “reflexão crítica sobre a moral”. Sim, reflexão. Não uma reflexão gratuita, ingênua, mas uma reflexão crítica, com intencionalidade. Isto sim, me fala do que penso ser a ética. Ética, conforme entendo, apesar de fazer sentido apenas na relação