Ética e Vingança: Filosofia e Religião
Alguns filósofos a encaram como um reparo desejável contra a injustiça, outros como desnecessária por abalar a tranquilidade de quem a persegue. Apesar de opostas, as duas visões concordam em um ponto: a vingança interfere em nossas possibilidades de ser feliz
Por Arthur Meucci
ensar sobre a vida que vale a pena se viver é uma reflexão filosófica importante e árdua. Afinal, o que seria mais essencial do que pensar sobre a vida que se vive ou da que se pretende viver? O que seria mais urgente do que pensar em nossa própria felicidade?
Há muitas propostas e discussões na Filosofia sobre este assunto. Um deles é a vingança. Mas a vingança não é um tema muito agradável. Também não parece ter muita relação com a felicidade. Quem já não quis se vingar ou já se vingou de alguém antes? Quem nunca passou pela vida sendo injustamente lesado e quis dar o troco?
Constatamos, então, a importância deste tema para se viver bem. Felizmente, a vingança, ao contrário do amor e da amizade, pode ser passageira e ocasional. Porém, quando o sentimento surge, é capaz de mudar nossas vidas. Na maioria das vezes, para pior. Por isso, tantos pensadores refletiram sobre este tema. E nós aqui faremos o mesmo.
Jabhal e Leydianni
Embalado nos enredos de sucessos dramáticos não hollywoodyanos, a fictícia história de Jabhal e Leydianni servirá de ilustração para nos guiar pelo pensamento de Aristóteles sobre a justiça e a vingança. Jabhal Matsubara, típico morador da Móoca, conheceu uma jovem, Leydianni Jabirosca, nas aulas de Ética em uma universidade paulistana. Eles passaram a trocar olhares, sorrisos, gracejos. Ao relatarem sobre suas vidas, Leydianni se disse noiva, para tristeza de nosso herói. Ele desiste de estreitar relações, porém, aos poucos, ela se aproxima com segundas intenções. Dentre outras coisas, pedia ajuda em seus trabalhos acadêmicos. Disse que estava com dificuldades para estudar por causa de seu noivo, relatado como uma criança