Ética socialista
Gelson Rech
Os conhecimentos e discussões gerados pela Bioética e pela ecologia contribuíram para ampliar a noção de responsabilidade. Durante muito tempo, ela era associada apenas aos deveres existentes entre seres humanos contemporâneos e geograficamente próximos.
A bioética é uma reflexão crítica sobre as questões da saúde e da natureza. Diz respeito ao humano e sua sobrevivência. Destaca-se aqui, neste texto, o interesse com a questão ambiental, tema este inicialmente ignorado pela bioética e que é retomada nos anos 60 do século XX com maior vigor. Durante toda a história da humanidade até a época medieval, a Natureza apresentava-se como duradoura e permanente, que sofria ciclos e alterações, mas era sempre capaz de se recuperar sem dificuldade das pequenas agressões que o homem lhe causava com as suas localizadas intervenções. Esta concepção mudou radicalmente com a ciência moderna e a técnica dela derivada.
Infelizmente o homem passou a constituir uma ameaça para a continuidade da vida na
Terra. Não só pode acabar com a sua existência como também pode alterar a essência do homem e desfigurá-la mediante diversas manipulações.
Tudo isto representa uma mutação no campo da ação humana. Torna-se necessária uma nova ética: uma ética orientada para o futuro. Tal não significa que seja concebida para que a pratiquem apenas os homens de amanhã. Ao contrário, trata-se de uma ética que deve reger precisamente os homens de hoje para que haja os homens do futuro. É neste sentido que Hans Jonas dedicou-se a esta problemática, tendo proposto uma filosofia baseada no Princípio da Responsabilidade, apresentando um novo paradigma ético, vocacionado para o nível coletivo e para ação dos agentes políticosociais, grandes responsáveis e contribuintes para regrar e orientar da ação humana, uma ética atual que se preocupa com o futuro, que pretende proteger os nossos descendentes das consequências das nossas ações