ÉTICA FINALISTA
Bem ao abordar a ética de Aristóteles, são pontuadas as dificuldades de identificar o objeto de estudo na Ética a Nicômaco, ressaltando que a referida obra não constitui uma ética propriamente dita no que se refere a uma análise das virtudes ou uma doutrina do caráter humano. Nas suas palavras, diferentemente do que ocorre no caso da Fundamentação da metafísica dos costumes de Kant, não é de modo algum evidente do que propriamente trata a Ética a Nicômaco de Aristóteles. Já citei anteriormente que a expressão “ética”, que em grego equivale a “doutrina do caráter”, é pouco elucidativa, mas, do modo como Aristóteles aborda seu tema , sua posição parece clara, a questão é do supremo e abrangente para o indivíduo.
A partir desse ponto de vista, Tugendhat explicita que o foco de estudo da Ética a Nicômaco é direcionado à análise daquilo que os indivíduos procuram ao longo de suas vidas, a saber: a felicidade, caracterizando-a como um bem supremo e abrangente, isto é, como um fim último e que contém em si tudo aquilo que os indivíduos procuram em termos particulares ou específicos.
Por essa via, tende-se a considerar que a Ética a Nicômaco trata da moral enquanto doutrina do caráter de modo indireto ou subordinado à felicidade, visto que “a felicidade consiste no compreender-se moralmente”. Em outros termos, a moralidade seria tratada por Aristóteles como meio para a realização humana. Conseqüentemente, Tugendhat considera que seria mais adequado chamá-las de virtudes de felicidade. Por isso, o intérprete afirma: “Até aqui parece, portanto, claro que o tratado aristotélico sob o título de ‘Ética’ não seria uma ética ou teoria moral, mas uma teoriada felicidade”. Mas, até que ponto a abordagem de Tugendhat não é realizada sob o ponto de vista kantiano? Isto